quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Medalha, Medalha, Medalha

Você deve saber que eu mesmo nunca entreguei um só Prêmio Nobel em toda a minha vida. Instituí essa premiação, que leva o meu nome, em meu testamento. Na época, eu precisava de uma cortina de fumaça.

Criei o prêmio porque não queria que meu nome fosse lembrado como o inventor da dinamite – que redundou não só em coisas boas, como o atual presidente do Vasco, mas também em outras desastrosas, como os homens-bomba e as trapalhadas na construção da linha amarela do metrô de São Paulo. Eu só não imaginava que a ideia do prêmio seria ainda mais explosiva. Todos a levaram a sério demais. E, cá para nós, nenhum prêmio merece esse tratamento. Aliás, é preciso tomar cuidado com eles. Como disse Octavio Paz, Prêmio Nobel da Literatura, “Os prêmios domesticam o escritor independente, cortam as asas do inspirado, castram o rebelde”. Sem contar que o júri vive cometendo injustiça. Basta lembrar que na minha própria premiação já foram agraciados Menachem Begin e Yasser Arafat na categoria Paz. Quem Quer Ser Milionário conquistou o óscar de melhor filme deste ano. Adeus, Minha Concubina, aquele filme chato pra caramba, já ganhou Palma de Ouro em Cannes. A lista é grande. E, se somadas as injustiças praticadas nos concursos de miss e outras premiações mundo afora, ela se torna infinita. Por isso, não entendo toda essa contrariedade com a decisão da Academia Sueca de premiar Obama com o Nobel da Paz antes mesmo de ele ter atuado. Achei até que o inusitado do fato rendeu boas piadas. A que eu mais gosto é a que diz que ele irá comparecer na cerimônia em Oslo, desde que não esteja muito ocupado com as duas guerras que está conduzindo.

E todo ano, depois de anunciado os ganhadores do Nobel, começa no Brasil um lamento coletivo. Quando vamos ganhar um Nobel? Por que nenhum brasileiro até hoje fez por merecer esse reconhecimento, se até argentinos já o fizeram? Gente, largue dessa bobagem! O Brasil entrou em uma nova era. Quem tem pré-sal, quem conquista a sede da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos não pode ficar dependente de um aval externo como esse. O Brasil não cabe mais nas normas antiquadas do Nobel. O mundo que se adapte ao Brasil. É hora de reinventar as categorias. De cara, já me ocorrem três, em que os brasileiros possuem candidatos fortíssimos:

Nobel da Economia Informal: Joelma e Chimbinha, da Banda Calypso.
Nobel da Forma Física: Aline Morais – pelos motivos óbvios.
Nobel da Matemática Absurda: Kassab, por sua ideia de aumentar o IPTU em até 350%.

Se lembrar de mais candidatos, por favor, avise-me.